Arautos em Portugal

Arautos do Evangelho – Associação Internacional de Direito Pontifício

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“Viagem maravilhosa que mostra a grande vitalidade da Igreja”

Bento_XVI

Com estas palavras, o director da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, SJ, resumiu a viagem de Bento XVI a Portugal.

Com efeito, um clima de grande expectativa marcou o ambiente português nos momentos que antecederam a chegada do Papa.

À sua chegada a expectativa transformou-se em surpresa… e logo depois em alegria.

Aonde o Papa frio e severo? Nada disso! Portugal encontrou-se vis-a-vis com um pai bondoso, sorridente e muito culto, dizendo por todas as partes as palavras mais adequadas para o bem dos seus filhos. Todos queriam chegar perto, todos queriam receber um sorriso ou ao menos um aceno do Papa, e tão logo o conseguiam, desatavam em manifestações de alegria ou emoção, conforme o perfil temperamental de cada um.

Enfim, todos os que puderam acercar-se de Bento XVI, saíram com a alma cheia de júbilo e a mente povoada por sábias e profundas palavras.

No momento em que foi calorosamente saudado pelo Presidente da República, no Aeroporto de Figo Maduro, o Santo Padre referiu a importância da relação entre Igreja e Estado falando do seu contentamento por estar em terras lusas: “Venho como peregrino de Nossa Senhora de Fátima, investido pelo Alto na missão de confirmar os meus irmãos que avançam na sua peregrinação a caminho do Céu. (…) Queridos irmãos e amigos portugueses, agradeço-vos uma vez mais as calorosas boas-vindas. Deus abençoe a quantos aqui se encontram e todos os habitantes desta nobre e dilecta Nação, que confio a Nossa Senhora de Fátima, imagem sublime do amor de Deus que a todos abraça como filhos.” 

Em direcção à Nunciatura Apostólica, o Papa seguiu pelas ruas de Lisboa abençoando os milhares de fiéis que as enchiam na expectativa de um contacto mais pessoal. Ao longo do percurso, bandeiras agitavam-se e louvores eram entoados. “Só de o ver passar, ficamos com a alma cheia”, “Ele tem-nos brindado sempre com um sorriso desde que chegou”, foram alguns dos depoimentos daqueles que se cruzaram com o Santo Padre.

Após uma breve passagem pela Nunciatura, partiu em direcção ao Palácio de Belém para uma visita de cortesia ao Presidente da República.

O ponto auge da visita à capital Portuguesa estava reservado para essa tarde: a Santa Missa no Terreiro do Paço. Desde cedo, multidões já aguardavam a chegada de Sua Santidade. Uma explosão de aplausos e “Vivas” eclodiu com a sua entrada na praça.

As palavras iniciais de D. José Policarpo, Patriarca de Lisboa, resumiram a longa história que liga Portugal e a pessoa do Papa. “(…) o nosso Povo sempre teve um grande amor ao Papa, manifestado mesmo nas épocas mais conturbadas da nossa História. Mas a vossa presença física é uma graça muito especial: poder ver-vos e saudar-vos, porventura cruzar o vosso olhar que nos comunica a bondade do Pastor, poder rezar convosco, ouvir a vossa palavra que nos convida sempre a abrir a inteligência e o coração à profundidade e à beleza do mistério.”

A homilia de Sua Santidade no Terreiro do Paço teve uma característica sui generis, uma vez que era interrompida constantemente por aplausos, de tal maneira suas palavras calaram fundo no coração português. Lá, referiu que “é preciso voltar a anunciar com vigor e alegria o acontecimento da morte e ressurreição de Cristo, coração do cristianismo, fulcro e sustentáculo da nossa fé, alavanca poderosa das nossas certezas, vento impetuoso que varre qualquer medo e indecisão, qualquer dúvida e cálculo humano.”

Ao término da celebração Eucarística, dirigiu-se para a Nunciatura Apostólica, onde pernoitaria, e era aguardado por milhares de jovens que lhe entoariam uma serenata. Após os cânticos, o Papa dirigiu-se muito paternalmente aos jovens, dizendo: “Agora tendes de me deixar dormir, senão a noite não seria boa e o dia de amanhã está à nossa espera”, resposta que suscitou nos presentes um sorriso filial.

Na manhã seguinte, Bento XVI dirigiu-se ao mundo das artes, ciência e pensamento. Reunindo-se com cerca de 1400 personalidades destas áreas, apelou: “Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza”.

Fátima era a próxima paragem. Milhares de peregrinos aguardavam ansiosamente a chegada do Sumo Pontífice. Após desembarcar, dirigiu-se à Capelinha das Aparições, onde fez alguns minutos de oração, e donde se dirigiu para a Celebração das Vésperas com sacerdotes, diáconos, religiosos/as, seminaristas e agentes de pastoral, na Igreja da Santíssima Trindade. No mesmo dia à noite, a esplanada do Santuário de Fátima enchia-se com milhares de peregrinos para a recitação do terço com o Santo Padre, que a fez praticamente todo o tempo de joelhos, apesar dos seus 83 anos. Nos semblantes atentos e compenetrados, a luz trémula das velas deixava transparecer a devoção de todos quantos rezavam à Virgem de Fátima.

O dia seguinte raiara alvissareiro, prometendo muita alegria no contacto com o Santo Padre. Aqui e ali, ouvia-se um comentário que se tornava corrente: “Este Papa não é como pensava. É muito mais afável do que imaginava”. O Santuário enchia-se de fiéis desde muito cedo, alguns até pernoitaram em vigília na Capelinha das Aparições, ou na adoração ao Santíssimo Sacramento. E foi com este espírito de oração que o próprio Papa foi rezar a Fátima, “como filho”, “porque hoje converge para aqui a Igreja peregrina, querida pelo seu Filho como instrumento de evangelização e sacramento de salvação. Vim a Fátima para rezar, com Maria e tantos peregrinos, pela nossa humanidade acabrunhada por misérias e sofrimentos.”

Na manhã seguinte, partia em direcção ao Porto, onde o cenário não era muito diferente, excepto num ponto, já todos estavam familiarizados com Bento XVI.

Na sua homilia referiu que “O cristão é, na Igreja e com a Igreja, um missionário de Cristo enviado ao mundo. Esta é a missão inadiável de cada comunidade eclesial: receber de Deus e oferecer ao mundo Cristo ressuscitado (…)”, procurando assim impulsionar ainda mais a Missão 2010, lembrando o papel evangelizador de todos os fiéis.

 Aquando da recepção de alguns presentes na varanda da Câmara Municipal do Porto, o Santo Padre respondeu ao pedido dos jovens para que prolongasse a sua visita: “Teria acedido de boa vontade ao convite para prolongar a minha permanência na vossa cidade, mas não me é possível. Permiti, pois, que parta, abraçando-vos a todos carinhosamente em Cristo (…)”.

Estando próxima do fim esta tão encantadora visita, as palavras do Presidente da República fizeram eco àquilo que os portugueses levavam no coração: “Portugal despede-se de Vós revigorado pela mensagem de esperança e confiança que nos deixais. Vemos partir o Santo Padre com um sentimento que nenhuma outra língua ainda soube traduzir em toda a sua profundidade e que reservamos aos que nos são mais queridos, a saudade.”

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